"Samba é mais que música, ele faz parte da nossa vida. A gente conversa por meio dele". Ditas na noite desta terça-feira (18), no palco do Vivo Rio, as palavras do cantor Diogo Nogueira sintetizam o papel que esse ritmo representa para o povo brasileiro: uma crônica musicada de costumes, dores e alegrias. Ele, Alcione, Roberta Sá e Martinho da Vila empolgaram e emocionaram os convidados que lotaram a casa de espetáculos carioca. O show marcou a abertura da temporada 2014 do projeto Nivea Viva, que este ano homenageia esse brasileiríssimo estilo musical. O Recife recebe o evento no dia 13 de abril, às 17h30, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.
Durante quase duas horas, os artistas interpretaram, ora individualmente ora em conjunto, clássicos comoA voz do morro (Zé Keti), Não deixe o samba morrer (Edson e Aloisio), Mulheres (Toninho Gerais), O mundo é um moinho (Cartola), Sou eu (Ivan Lins e Chico Buarque), O que é o que é (Gonzaguinha), Casa de bamba(Martinho da Vila), Feitiço da vila (Noel Rosa e Vadico), entre outros, num total de 27 marcantes canções da nossa música.
O quarteto foi acompanhado por uma coesa e competente banda formada por 19 músicos, todos elegantemente vestidos de preto. Na verdade, poderíamos chamá-la de orquestra mesmo com suas cordas dedilhadas (cavaquinho, violão), baixo elétrico, bateria, vocalistas de apoio, teclados, metais (trompete, sax e flauta), percussão (surdo, caixa e pandeiro) e até uma seção de instrumentos eruditos (dois violinos, uma viola e um violoncelo). De certa forma, todo esse aparato instrumental retrata a evolução e o nível de elaboração e lapidamento pelo qual o estilo passou durante seus quase 100 anos de vida (a serem completados em 2016).
Artistas como Roberta Sá também interpretaram clássicos individualmente. Foto: Leo Aversa/ReproduçãoUm telão instalado ao fundo do palco exibia imagens produzidas recentemente com pessoas de diferentes faixas etárias sambando com destreza e graça. A plateia vibrava com os passistas. Em outros momentos do espetáculo, a tela era preenchida com gravações antigas e em preto e branco de festas, encontros em bares e ensaios de escolas de samba. O figurino dos cantores completava o espetáculo visual. "Rildo Hora (compositor nascido em Caruaru) já dizia que o samba quer ser visto como uma coisa rica e luxuosa", comentou a muito simpática Roberta Sá, já no pós-show em seu camarim, ainda trajando um bonito vestido azul e branco que cobriu seu esbelto corpo durante o espetáculo.
Com direção de Monique Gardenberg e Alceu Maia, com curadoria do jornalista Hugo Sukman, o Nivea Viva o Samba é montado em cima de canções que expressam a riqueza de temas encontrados em composições criadas há décadas em sua maioria. Nessas letras, podemos ouvir histórias sobre o cotidiano de comunidades, exaltação a grandes amores, tentativas de cicatrizar feridas, críticas sociais, religiosidade e até questões existenciais (o que estamos fazendo neste mundo, qual o sentido da vida, o que é felicidade).
Um porém: como a projeto visa exaltar o samba como um todo, teria sido interessante acrescentar canções de autores ligados a tradições de outros estados a exemplo de Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e Geraldo Filme - mestres do samba paulista.
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